domingo, 12 de dezembro de 2010

Como você me vê?


O olhar que me lanças hoje pode não ser o mesmo que farás amanhã. A roupa que me veste pode não ser a mesma que me pusestes; posso estar sem ela se o seu desejo assim incitar.
Costumam me colocar em salto de bico fino, quando, na verdade, prefiro os meus pés tocando o chão. Meu vestido não é transparente, é só a minha alma que resolveu trocar de lugar com o meu corpo. Tatuagem no meu tornozelo? Não, apenas está marcado pelas rasteiras que a vida já me deu. Sorriso aberto? Pois é, as rasteiras que dei na vida. Tem muito de você em mim? Isso é você que está dizendo. Cuidado, meu nome não é espelho, é reflexão. Gosta do jeito como caminho? Então não me siga; acompanhe-me.
Já percebeu como o céu está lindo hoje? Perceberia se não prestasse tanta atenção a mim. Não sou tão bela como a lua, ou tão brilhante como as estrelas... Mas posso me perder na escuridão do Universo. Sabe, a gravidade é a responsável por manter as coisas no solo, não faz sentido sua idéia de que eu controlo o que vai para baixo ou para cima. Minha voz é música aos seus ouvidos? Isso porque você nunca me ouviu cantar. E hoje eu nem estou usando a auréola... Acho que fico melhor assim.
Porque está tão sério? Disse algo de errado? Saí da marcação que você criou? Só achei que o público ia gostar mais se eu improvisasse. É melhor eu ir embora, assim você não perde a última gota de ilusão que resta no seu olhar.
Um bom despertar para você.

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