domingo, 22 de maio de 2011

Seja


Jogue para mim. Jogue todas as suas expectativas, sonhos, desilusões, frustrações... Coloque-os todos sobre a mesa. Mas não espere que tudo se mostre assim. Porque ainda há o que você irá guardar pra si mesmo. Então não me peça para responder questões não feitas, indagações não proferidas, falas silenciadas. Sou sensível ao teu sofrimento, mas não sou imã de segredos.
Revele-se através dos teus olhos, deixe rolar essas lágrimas que contam mais sobre ti do que podes imaginar. Converse consigo mesmo e veja o verdadeiro responsável pelo aperto que sentes no peito, pela insegurança do próximo passo, pela tristeza que transparece nesse meio sorriso. Ergue-te e ocupa o teu lugar nesse mundo. Se achar que não tem um, construa-o. Mas não permanece nesta inércia, sem saber quem é, de onde veio, onde quer estar e para onde vai. Parar no tempo é tão terrível quanto simplesmente não existir. É perder as esperanças...
Se um dia acordar achando que não tem sentido levantar da cama, sacuda-se e desperte deste pesadelo. Não é fácil, não é fácil, não é fácil. Mas se fosse impossível não teria aberto os olhos, não sentiria as batidas do seu coração, não sentiria o ar atravessar seus pulmões. Depois disso, caro amigo, significa que tem uma nova chance de recomeçar. Aproveite.

domingo, 15 de maio de 2011

Dia(s) de depressão


Descanso meu corpo neste precipício
Sem enxergar horizonte a minha frente
É triste todo esse meu suplicio
Mas só sabe quem o sente
É estar na cama sem desejo de levantar
É continuar na cama sem conseguir dormir
É sair perdedor sem nem mesmo jogar
É estar cansado, sem do lugar sair
É preencher com lágrimas o vazio
É estar contigo, mas estar sozinho
Quando dormindo, não querer acordar
Mesmo querendo, a energia faltar
É expandir a dor no peito
E sentir que já está acabado
Que nada mais tem jeito
Que não há como ser melhorado
É não lembrar do que veio fazer aqui
Do precipício então levantar
Porque ainda não consigo decidir
Se eu pulo ou me deixo empurrar

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Eu Sou


Eu estava fora de mim. Estava em algum lugar, distante desta pessoa que vos fala. Correndo do próprio reflexo, temendo qualquer aproximação entre o que estava dentro e fora. Dentro e fora. E talvez essa seja minha grande contradição, acreditar que tinham duas pessoas dentro, quando na verdade existiam duas pessoas solitárias, cada qual no seu lugar. No lugar onde coloquei cada uma delas. Aqui dentro de mim estava aquela que agora escreve; a que estava fora, foi para algum lugar do qual espero não encontrar. O amor próprio é fundamental para a sobrevivência, a dignidade para consigo mesmo é essencial para ser feliz e o desejo de mudanças é o que me motiva para continuar nesta caminhada. Reciclei meu lixo mental; estou buscando minha sustentabilidade. Resolvi me adotar como pessoa, me assumir como eu mesma, mostrar para quê vim. Dispenso apresentações, anúncios ou demais cordialidades. Cansei de passadas de mão na cabeça e de tapas na cara. Agora sou eu que estou no comando da minha vida e não relego responsabilidades a mais ninguém. Por mais defeitos que eu tenha, virtudes suficientes possuo para equilibrá-los. E com essa nova postura espero não magoar mais a mim, que sofreu nas minhas mãos por tanto tempo, que lamentou em silêncio no canto mais obscuro do meu ser. Sou esta que seus olhos podem ver... Sou esta que agora posso ver.