Nesse
ano precisei revisar minha própria vida e pensar nos caminhos que iria seguir.
Todos os anos, pelo menos para a maioria das pessoas é assim. Porque a transição
de um período para o outro é o momento de renovar as ideias e no melhor,
tirá-las do papel. Ou, em meu caso, colocá-las
nele.
Tenho escrito muito pouco. E na
verdade tenho percebido que estou calando as palavras e elas continuam lá,
gritando dentro de mim. Sempre achei que minha melhor forma de expressão fosse
a palavra escrita. Bom, talvez esteja errada. Ou, pra variar, esteja
subestimando minha própria capacidade. O fato é que exercitei bastante minha
fala em prol de causas coletivas e pouco apresentei minhas angústias inscritas
nas páginas em branco. E esse branco está me incomodando demais.
Por isso resolvi que precisava fazer
algumas escolhas. Aliás, precisava transformá-las em ação. Precisava respeitar
minha verdadeira vontade e seguir meu caminho. Estou deixando algumas coisas
para trás. Outras estou aprendendo a lidar de outra forma.
Precisava mostrar para mim mesmo que
era capaz de suportar as consequências das minhas escolhas. Que permaneceria
firme mesmo diante das inquisições, dos apelos e tantos outros tipos de
chamadas que pudessem me fazer mudar, não de ideia, mas de atitude.
Sei que as pessoas não podem
simplesmente adivinhar o que acontece comigo. Aprendi que não posso cobrar de
ninguém a postura de cuidado que não tive comigo mesma. E pra que todos saibam:
estou tentando cuidar de mim como nunca fiz antes. E isso ainda tá difícil,
porque me preocupo demais com a minha família e meus amigos. Me preocupo demais
em ser o melhor para eles e esqueci completamente que eu estava em farelos. Não
dava pra notar, né? É complicado ver algo que não se mostra... Ouvir o que não
é dito. Eu estava brincando um jogo muito errado. E acabei perdendo muitas
vidas. Não vale a pena sofrer com algumas situações. Mas infelizmente ou
felizmente, o sofrimento é instrumento de aprendizado. Mesmo que a lição seja
não fazer novamente.
Minha decisão é esta. Não ser mais
uma massa em que todos podem me modelar da forma que desejam, que esperam, que
necessitam. Quero ser gente, que ri, mas que também chora. E choro muito, até
desaguar toda a dor. Tenho minhas qualidades, mas também tenho tantas falhas...
Estou mais leve. Porque deixei de
carregar uma enorme armadura, que mais me trancafiava dentro de mim, do que me
protegia. As feridas poderão estar expostas. Mas são minhas... E vou cuidar
delas.