segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Libert(ar)-se


Há algum tempo muitas ideias povoam a minha cabeça. Dançam em um ritmo frenético, em uma tentativa de uma sobrepor a outra, para ver qual sai do abstrato primeiro. Tenho pensado nas coisas mais banais (banais mesmo?) até as mais complexas. É como se perceber de uma outra forma, de fato enxergando aquilo que anteriormente não via, ou não se queria ver.
A reflexão que fiz e que ainda faço concerne do que tenho feito da minha vida e, principalmente, do que deixei que fizessem dela. Me deixei guiar. Me deixei conduzir. Me deixei controlar. É fácil dizer que o outro te magoou, te obrigou a fazer algo, te obrigou a dizer algo, te fez agir de alguma forma da qual se arrependeu; e você fez o quê? Deixou acontecer. Você se permitiu. Porque é uma questão de escolha. E agora eu sei o quanto isso é verdade. Passei por muita coisa que me fez mudar de uma forma que seria imperdoável voltar ao que era anteriormente.
Passei por um problema de saúde do qual, no fundo, tenho que agradecer imensamente por ter passado por ele. Porque a lição que ele me trouxe foi a que agora estou tentando passar para as pessoas, não com a minha fala, mas com meu exemplo. Você deve conhecer alguém com problemas respiratórios, ou que já teve crises de ar de alguma natureza. Ou deve ser uma delas. Pois bem, minha experiência começa quando parei de respirar. O ar simplesmente não vinha, era quase como se afogar fora d'água. Porém, se você está se afogando, a tentativa de buscar o ar acontece para além do nível onde está a água; no meu caso, para meu desespero, não conhecia o limiar entre o oxigênio e a falta dele. Passei por essa experiência mais de uma vez. Até hoje eu não sei porque tive esse problema. Nenhum diagnóstico conclusivo. Mas indo ao cerne da questão, tão desesperador para quem está numa situação dessas é também o olhar dos que estão próximos da pessoa. Em uma das crises, minha mãe ficou sem saber o que fazer, com os olhos agoniados, esperando que o ar voltasse. Depois lhe disse: "Você não pode fazer nada. Quem tem que respirar sou eu". Percebem o estalo que tive? Quem tinha que respirar, por mais difícil que fosse, era eu. Tive certeza disso quando o médico presenciou um desses episódios mantendo-se calmo e esperando que me recupera-se.
Escrevendo assim, talvez não se perceba a angústia que tive diante desse problema. Resolvi não pensar na angústia. Optei por lidar com a escolha de continuar respirando. Por minha conta. Cá estou, vivendo e desfazendo os nós que me impediam seguir livremente.
Respirem... E sintam que estão fazendo o que querem fazer. Não tenham medo de mudar, se acham que devem. Tenham mais confiança em vocês mesmos. Se amem em primeiro lugar. Pra amar um outro e receber amor é preciso gostar de si e se considerar merecedor disto. Perdoem as faltas alheias. E não se envergonhem de pedir perdão. Não julguem, todos nós temos nossos tropeços e enxergar o erro do outro não o faz mais digno que ele. Tentamos, nas melhores das intenções, guardar alguém destes erros; tive que cair de cabeça algumas vezes e sei que não vou me fortalecer o suficiente para levantar sozinho se tem sempre alguém me pegando pelos braços. Os obstáculos na nossa vida servem para nosso crescimento. Não estou dizendo para negar ajuda, mas em alguns momentos, se ajuda mais não fazendo nada.
Continuarei a minha jornada com serenidade. Mesmo tentando condensar o Universo em um grão de areia...

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