quinta-feira, 30 de junho de 2011

Amor próprio


Eu tenho despertado com uma enorme vontade de ficar na cama. Envolvida pelo cobertor, protegida do barulho, mas perturbada pela minha própria consciência. Porque sempre algo me perturba; é quase uma necessidade de contrapor a felicidade, o alivio, o prazer... Tenho sempre a impressão que carrego dentro de mim essa roseira cheia de espinhos. É como se o sorriso forçasse uma lágrima, o abraço sufocasse o peito e a conversa já não mais fizesse sentido.
Os outros não entendem. Talvez eu não os deixe entender. Eu, eu mesma não me entendo. E acho que a maior dificuldade é querer se explicar. Estou cansada. Cansada de me jogar tantas vezes contra a parede e esperar ser acolhida pelo braços de alguém. Enquanto não me amar, não posso compreender o amor de ninguém, porque duvido do meu amor próprio em alguns momentos. Eu levei tanta porrada nessa vida, que reconheço a cada dia a marca das minhas próprias mãos.
Por isso o perdão se faz necessário todos os dias. Eu sou humana. E isso não implica nenhuma definição melhor que essa: eu sou complexa, única e singular. Só me resta aceitar. Enquanto isso, vou sobreviver a mim mesma. E a felicidade que não se incomode; seu tempo vai chegar.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Regresso


Estou de volta. E desde a última vez que aqui estive o tempo passou de forma violenta para mim. O caos me alugou, se hospedou no peito e incomodou seu vizinho de cima. Minha cabeça está ainda confusa. As palavras estavam brigadas, uma correndo da outra por não querer nada expressar... A pior expressão do meu rosto está neste olhar ainda franzido, nesses olhos caídos, prestes a despencar em lágrimas. Porque esta dor está corroendo toda a minha vida, arrancando à força o meu sorriso, despedaçando meus sonhos, transformando-me em pó. Eu sinto falta de mim, de uma pessoa que sonhava tanto, ao ponto de multiplicar sua existência em toda a parte, impregnando tudo a sua volta de possibilidade.
Mas a vida, essa caixinha de surpresas, decidiu que eu deveria pôr meus pés no chão. Então aposentei minhas asas, caminhei por todo esse tempo e percebi o grande estrago feito. Uma hemorragia. Grande parte de mim se evadia. Fui deixando pelo caminho minha vida. E quando olhei para trás, já não a vi. Tive então que procurar ajuda. Alguém que recuperasse tudo o que eu poderia ter de bom. Foram então surgindo uma legião de anjos, com a missão de reconstruir tudo aquilo que tinha perdido: o amor, a esperança, a confiança, a espontaneidade, a fé. Já não sabia mais quem eu era, já não sabia mais quem poderia ser.
Então lancei-me novamente...Entre meus medos lá estava eu, encarando concorrência, inveja, falsidade...Estava mostrando minha competência ao extremo, esgotando minha energia para assim poder me sentir viva. E continuo assim. E sei que esse ainda não é o caminho pleno que devo seguir. Mas estou me recuperando de um baque atrás do outro. Tiraram-me minha paz, minha quietude, meu orgulho, minha sanidade... E esse é o meu atual quadro, me perdi no tempo e no espaço, porque alguém achou interessante me colocar nessa estufa, ou para eu evoluir ou para terminar de me matar. Eis que eu digo para você: eu ainda estou aqui. Eu ainda estou aqui. E-U-A-I-N-D-A-E-S-T-O-U-A-Q-U-I!