domingo, 9 de setembro de 2012

De-cisão


             Nesse ano precisei revisar minha própria vida e pensar nos caminhos que iria seguir. Todos os anos, pelo menos para a maioria das pessoas é assim. Porque a transição de um período para o outro é o momento de renovar as ideias e no melhor, tirá-las do papel.  Ou, em meu caso, colocá-las nele.

            Tenho escrito muito pouco. E na verdade tenho percebido que estou calando as palavras e elas continuam lá, gritando dentro de mim. Sempre achei que minha melhor forma de expressão fosse a palavra escrita. Bom, talvez esteja errada. Ou, pra variar, esteja subestimando minha própria capacidade. O fato é que exercitei bastante minha fala em prol de causas coletivas e pouco apresentei minhas angústias inscritas nas páginas em branco. E esse branco está me incomodando demais.

            Por isso resolvi que precisava fazer algumas escolhas. Aliás, precisava transformá-las em ação. Precisava respeitar minha verdadeira vontade e seguir meu caminho. Estou deixando algumas coisas para trás. Outras estou aprendendo a lidar de outra forma.

            Precisava mostrar para mim mesmo que era capaz de suportar as consequências das minhas escolhas. Que permaneceria firme mesmo diante das inquisições, dos apelos e tantos outros tipos de chamadas que pudessem me fazer mudar, não de ideia, mas de atitude.

            Sei que as pessoas não podem simplesmente adivinhar o que acontece comigo. Aprendi que não posso cobrar de ninguém a postura de cuidado que não tive comigo mesma. E pra que todos saibam: estou tentando cuidar de mim como nunca fiz antes. E isso ainda tá difícil, porque me preocupo demais com a minha família e meus amigos. Me preocupo demais em ser o melhor para eles e esqueci completamente que eu estava em farelos. Não dava pra notar, né? É complicado ver algo que não se mostra... Ouvir o que não é dito. Eu estava brincando um jogo muito errado. E acabei perdendo muitas vidas. Não vale a pena sofrer com algumas situações. Mas infelizmente ou felizmente, o sofrimento é instrumento de aprendizado. Mesmo que a lição seja não fazer novamente.

            Minha decisão é esta. Não ser mais uma massa em que todos podem me modelar da forma que desejam, que esperam, que necessitam. Quero ser gente, que ri, mas que também chora. E choro muito, até desaguar toda a dor. Tenho minhas qualidades, mas também tenho tantas falhas...
            Estou mais leve. Porque deixei de carregar uma enorme armadura, que mais me trancafiava dentro de mim, do que me protegia. As feridas poderão estar expostas. Mas são minhas... E vou cuidar delas.